Hipertensão arterial

O que é?

Também conhecida como pressão alta, a hipertensão arterial é uma doença crônica caracterizada pelo aumento anormal e por um longo período da pressão que o sangue faz ao circular pelas artérias. Quando isso acontece, o coração precisa exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.

De acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) de 2017, a prevalência de hipertensão autorreferida passou de 22,6% em 2016 para 24,3% em 2017. A pressão alta tende a aumentar com a idade e ser menor entre aqueles com maior escolaridade.

O levantamento ainda apontou que as mulheres continuam com maior prevalência de diagnóstico médico de hipertensão arterial quando comparado aos homens, tendo registrado 26,4% contra 21,7% para eles em 2017. Em 2016, foram registrados 983.256 procedimentos de internação e ambulatorial no Sistema Único de Saúde (SUS), gerando custo de R$ 61,2 milhões, segundo levantamento feito pelo DATASUS¹.

Quais são os sintomas?

Os sintomas da hipertensão arterial costumam aparecer somente quando a pressão sobe muito.

Nesse caso, podem ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido nos ouvidos, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.

É importante ficar atento a todos eles e buscar ajuda especializada o quanto antes, afinal, a pressão alta é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca¹.

Como é feito o diagnóstico?

Medir a pressão arterial regularmente é a única maneira de diagnosticar a hipertensão. Pessoas acima de 20 anos de idade devem medir a pressão ao menos uma vez por ano, ou pelo menos duas se houver casos da doença na família¹. Vale saber, no entanto, que os valores de referência de hipertensão arterial passaram recentemente por uma revisão.

Antes, a classificação como hipertenso dava-se quando as medidas ficavam iguais ou maiores que 135 por 85 pela medição realizada em casa2. Já a nova Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (DBHA), divulgada em novembro de 2020 pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e elaborada em parceria com as Sociedades Brasileiras de Hipertensão e de Nefrologia, agora considera como hipertensa a pessoa cuja monitorização em casa aponta 13 por 8. Os valores de referência para o consultório continuam sendo 14 por 9 ³.

Apesar de parecer pequena, essa mudança é importante, pois serve para chamar a atenção para a adoção de medidas preventivas que evitem as complicações da hipertensão arterial, especialmente em relação às doenças cardiovasculares2, que são a principal causa de mortes no Brasil e no mundo, segundo a Associação Pan-Americana de Saúde (OPAS, sigla para Pan American Health Organization)⁴.

A preocupação faz ainda mais sentido quando se leva em consideração que cerca de 25% da população adulta brasileira, ou seja, 1 em cada 4 brasileiros, algo entre 35 milhões e 40 milhões de pessoas, sejam hipertensas² ⁵.

Para ser diagnosticado com hipertensão, é preciso apresentar pelo menos três medidas altas. Já a confirmação é feita medindo a pressão em três dias diferentes⁶. Antes de cada uma, deve-se seguir algumas orientações, como⁷:


• Não falar e descansar por 5 a 10 minutos em ambiente calmo e com temperatura agradável;

• Certificar-se de não estar com a bexiga cheia;

• Não ter praticado exercícios físicos há pelo menos 60 minutos;

• Não ter ingerido bebidas alcoólicas, café, alimentos, nem ter fumado até 30 minutos antes;

• Não ficar com as pernas cruzadas;

• Manter o braço na altura do coração, livre de roupas, com a palma da mão voltada para cima e cotovelo ligeiramente flexionado.


A verificação da pressão é feita com um aparelho de nome um tanto complicado, o esfigmomanômetro. Ele registra dois pontos: o mais alto da pressão nas artérias é chamado de pressão sistólica e o mais baixo, ou a pressão que está sempre presente sobre as paredes arteriais, é chamado de pressão diastólica. Já o estetoscópio é o instrumento que amplifica os sons e os transmite os ouvidos do operador, sendo que o primeiro som claro, quando o sangue flui através da artéria comprimida, é a pressão sistólica. A pressão diastólica ocorre no ponto em que o som muda ou desaparece⁸.

Fatores de risco

A hipertensão arterial é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles: fumo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, estresse, elevado consumo de sal, níveis altos de colesterol e falta de atividade física. Além disso, sabe-se que a incidência da pressão alta é maior na raça negra e em diabéticos. Grávidas também devem redobrar a atenção. Isso porque as alterações hipertensivas da gestação estão associadas a complicações graves tanto para a mãe quanto para o feto.

Quanto à prevenção, em mulheres com pressão alta, a avaliação pré-concepcional permite a exclusão de hipertensão arterial secundária, aferição dos níveis da pressão arterial, discussão dos riscos de pré-eclampsia e orientações sobre necessidade de mudanças de medicações no primeiro trimestre da gravidez.

Já o tratamento da pressão alta leve na grávida deve ser focado em medidas não farmacológicas, já nas formas moderada e grave pode-se optar pelo tratamento usual recomendado para cada condição clínica específica. Independente da causa da pressão arterial na gestação, é fundamental ficar atenta ao controle da pressão arterial e que o médico avalie a possibilidade de encaminhamento ao serviço de pré-natal de alto risco¹.

Como tratar e controlar?

A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor método para cada paciente, mas além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável.


Já em relação ao uso de medicação, também há novidade trazida pela Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial de 2020. A proposta atual é que a combinação de remédios seja a estratégia preferencial para a maioria dos hipertensos. Isso porque a hipertensão é uma doença multifatorial e medicações de ações distintas facilitam o controle por agirem em locais diferentes do organismo e oferecerem resultados mais satisfatórios na redução da pressão alta².

Existem diferentes categorias de anti-hipertensivos. Alguns são diuréticos, e eliminam o excesso de sódio pela urina, outros agem como vasodilatadores. Há ainda os que impedem a entrada de cálcio nas artérias, diminuindo a resistência delas para a passagem do sangue, e os que impedem a produção de angiotensina, uma molécula que faz os vasos se contraírem e aumentam a pressão³.

Prevenção

É imprescindível adotar um estilo de vida saudável, o que inclui¹:


• Manter o peso adequado, se necessário, mudando seus hábitos alimentares;

• Não abusar do sal, usando outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos;

• Praticar atividade física regularmente;

• Aproveitar momentos de lazer;

• Abandonar o fumo;

• Moderar o consumo de álcool;

• Evitar alimentos gordurosos;

• Controlar a diabetes.


Outra medida eficaz inclui observar as alterações na pressão, mesmo as pequenas. Mais uma novidade trazida pela nova diretriz de 2020 é a discussão sobre o aumento da pressão arterial e o dano vascular relacionado à essa elevação, mesmo nas fases iniciais desse processo, quando a pessoa ainda não é considerada hipertensa.

Trata-se de uma ideia muito alinhada ao que vem sendo destacado por sociedades científicas do Brasil e do mundo. Isso porque, às vezes, até mesmo as pequenas elevações na pressão arterial impactam no aumento do dano vascular e a avaliação precoce da presença desses danos desperta a atenção para os cuidados que a pessoa deve ter e receber, evitando, assim, a evolução rápida de problemas cardiovasculares².

Referências:
1. Ministério da Saúde [homepage na internet]. Hipertensão [acesso em 15 de junho de 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hipertensao-pressao-alta.
2. Sociedade Brasileira de Cardiologia [homepage na internet]. Nova diretriz de hipertensão arterial traz mudanças no diagnóstico e tratamento [acesso em 15 de junho de 2021]. Disponível em: www.portal.cardiol.br/post/nova-diretriz-de-hipertensão-arterial-traz-mudanças-no-diagnóstico-e-tratamento.
3. Arquivo Brasileiro de Cardiologia [homepage na internet]. Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial [acesso em 15 de junho de 2021]. Disponível em: ARQUIVOS BRASILEIROS DE CARDIOLOGIA. Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Disponível: http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/pdf/Diretriz-HAS-2020.pdf.
4. Organização Pan-Americana da Saúde [homepage na internet]. Doenças cardiovasculares [acesso em 15 de junho]. Disponível em: www.paho.org/pt/topicos/doencas-cardiovasculares.
5. Ministério da Saúde [homepage na internet]. Vigitel Brasil 2019 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico [acesso em 15 de junho de 2021]. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/27/vigitel-brasil-2019-vigilancia-fatores-risco.pdf.
6. Sociedade Brasileira de Cardiologia [homepage na internet]. 6ª Diretrizes de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial e 4ª Diretrizes de Monitorização Residencial da Pressão Arterial [acesso em 15 de junho de 2021]. Disponível em: publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2018/01_diretriz-mapa-e-mrpa.pdf.
7. Ministério da Saúde [homepage na internet]. Cadernos de Atenção Básica: Hipertensão Arterial Sistêmica [acesso de 15 de junho]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica15.pdf.
8. Universidade de São Paulo [homepage na internet]. Medida Correta da Pressão Arterial [acesso de 15 de junho de 2021]. Disponível em: www.eerp.usp.br/ope/manual.htm.
9. Ministério da Saúde. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/hipertensao-18/. Acesso em: 05 de julho de 2021.