DPOC

Saiba mais sobre o que é DPOC,
sintomas, quadro clínico, diagnóstico e tratamento.

O que é?

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) caracteriza-se por sinais e sintomas respiratórios associados à obstrução crônica das vias aéreas inferiores, geralmente em decorrência de exposição inalatória prolongada a material particulado ou gases irritantes.

O tabagismo é sua principal causa. A DPOC é causada pela associação de duas ou mais doenças, onde envolve bronquite crônica e enfisema pulmonar, os quais geralmente ocorrem de forma simultânea, com variáveis graus de comprometimento relativo num mesmo indivíduo¹.

Prevalência, causas e sintomas

Nos países industrializados, 5% a 10% da população adulta sofre de DPOC. No Brasil, estudo de base populacional com avaliação espirométrica de indivíduos com mais de 40 anos mostrou uma prevalência total de distúrbio ventilatório obstrutivo de 15,8% na região metropolitana de São Paulo, sendo 18% entre os homens e 14% entre as mulheres2. A maioria dos casos não tinha diagnóstico prévio.

Os principais sinais e sintomas crônicos são tosse, dispneia, sibilância e expectoração. A DPOC está associada a um quadro inflamatório sistêmico, com manifestações como perda de peso e redução da massa muscular nas fases mais avançadas¹.

A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial, o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado e a atenção domiciliar dão um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos¹.

Quadro clínico

Com o tempo, todos os sintomas podem levar a um quadro persistente de bronquite ou de enfisema pulmonar, sendo que o primeiro causa um estado permanente de inflamação nos pulmões enquanto o segundo destrói os alvéolos, aquelas estruturas que fazem as trocas gasosas no órgão.

Com essa descrição fica mais fácil entender porque a DPOC se instala, prejudicando a saúde e a qualidade de vida, assim como ocasionando grande dificuldade para respirar. E a redução de oxigênio circulando no sangue, além de ser um risco para a vida, ainda dispara substâncias inflamatórias pelo corpo todo.

Como consequência, a pessoa sente fraqueza, tem dificuldade de raciocinar, fica mais sujeita a ter depressão e multiplica suas chances de ter um AVC, o conhecido acidente vascular cerebral³ ⁴.

Diagnóstico

A suspeita clínica de DPOC deve ser considerada em todo indivíduo com 40 anos ou mais de idade (30 ou 35 anos de acordo com alguns estudos em curso, ainda sem validação) com história de exposição a fatores de risco para esta doença (tabaco, combustíveis de biomassa, vapores ou poeiras ocupacionais, etc), acompanhada ou não de sintomas respiratórios da doença, que são principalmente dispneia aos esforços, tosse crônica e produção de catarro⁵.

A espirometria testa a força do sopro da pessoa: se o ar sair fraco, o sinal de alerta é aceso. Para fazer a confirmação, o médico avalia o histórico de cansaço, dificuldade para respirar e outras queixas e cruza tudo isso com uma radiografia do tórax e com o oxímetro, um aparelhinho que mede o nível de oxigênio no sangue⁵ ⁶.

Devemos nos cuidar sempre! Se apresentar os sintomas ou ver que sua capacidade respiratória mudou, procure um médico. Quanto antes você fizer o diagnóstico, maiores são as chances de receber o tratamento adequado, evitar a piora da doença e ter uma melhor qualidade de vida.

A falta de tratamento adequado faz com que a DPOC piore progressivamente. Na prática, vai ficando cada vez mais difícil, especialmente pela manhã, realizar tarefas simples e cotidianas. Até ficar de pé para tomar banho, escovar os dentes ou cozinhar pode ser exaustivo e desafiador. Em estágios mais avançados a pessoa pode chegar ao ponto de precisar usar um cilindro ou concentrador de oxigênio durante todo o dia, para o resto de sua vida¹.

Tratamento

Uma vez que a DPOC é diagnosticada, o foco passa a ser o controle da doença e a adesão ao tratamento para melhorar a qualidade de vida, prevenir crises e evitar complicações⁴. Para isso são usados principalmente broncodilatadores, medicamentos que melhoram a respiração.

E, em alguns casos, eles são combinados com anti-inflamatórios. É necessária atenção também às chamadas exacerbações agudas, que são aqueles picos de piora da doença – se não forem tratados imediatamente, eles podem levar à insuficiência respiratória⁷. E, detalhe importantíssimo: como infecções respiratórias disparam essas crises e agravam a DPOC, o médico geralmente recomenda tomar a vacina contra a gripe todo ano⁸.

Atividades físicas

Apesar de parecer contraditório, se exercitar tem um peso significativo no combo de tratamentos. Afinal, problemas em fibras musculares são comuns em quem tem DPOC. Assim, além de fortalecer a parte muscular, a atividade física ainda ajuda a combater a típica inflamação nos pulmões que o paciente possui⁹ ¹⁰.

Referências:
1. Ministério da Saúde. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Disponível em: portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-doenca-pulmonar-obs-cronica-livro-2013.pdf. Acesso em: 23 de março de 2021.
2. Menezes AMB et al. Prevalence of chronic obstructive pulmonary disease and associated factors: the PLATINO Study in São Paulo, Brazil. Cad. Saúde Pública. 2005; 21( 5 ): 1565-1573.
3. Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. Global Strategy for Diagnosis, Management and Prevention of COPD. Updated 2019. Disponível em: goldcopd.org/wp-content/uploads/2020/11/GOLD-REPORT-2021-v1.1-25Nov20_WMV.pdf. Aceso em: 28 de maio de 2021.
4. Zonzin GA, Clemente RSG, Correia JV, Silveira JCDF, Costa AF O que é importante para o Diagnóstico da DPOC? Pulmão RJ. 2017; 26(1):5-14.
5. Fernandes FLA, Cukier A, Camelier AA et al. Recomendações para o tratamento farmacológico da DPOC: perguntas e respostas. J Bras Pneumol. 2017;43(4):290-301.
6. Yu WC, Fu SN, Tai EL et al. Spirometry is underused in the diagnosis and monitoring of patients with chronic obstructive pulmonary disease (COPD). Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2013; 8:389-95.
7. Ministério da Saúde. Vacina Contra Influenza para Portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Disponível em: conitec.gov.br/images/Incorporados/VacinaInfluenza-DPOC-final.pdf. Acesso em: 23 de março de 2021.
8. Cooper CB. Exercise in chronic obstructive pulmonary disease: limitations and rehabilitation. Medicine and Science in Sports and Exercise. 2001;33:S643-6.
9. Estratégias Emergentes para o Recondicionamento Muscular Esquelético na DPOC. Fernandes ALG, Mendes ESPS, Terra Filho M, editores. Pneumologia: atualização e reciclagem. São Paulo: Atheneu, 2001;1-13.
10. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Efeitos do ambiente e do estilo de vida sobre a asma e a doença pulmonar obstrutiva crônica: estudos experimentais e clínicos. Disponível em: bv.fapesp.br/pt/auxilios/29400/efeitos-do-ambiente-e-do-estilo-de-vida-sobre-a-asma-e-a-doenca-pulmonar-obstrutiva-cronica-estudos-/ Acesso em: 28 de maio de 2021.